Em constante preocupação com a transparência e a segurança do processo eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) participou como convidado, nesta quarta-feira (10), da abertura do Ciclo Eleitoral da Democracia Digital 2021, realizado em Lima, Peru.
Na abertura do evento realizado de forma virtual, o presidente do Tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, acompanhado da secretária-geral da presidência, Aline Osorio, falou sobre a realidade brasileira e também assistiu à apresentação do documentário “La Verdad de La Mentira” (A Verdade da Mentira, em português), da jornalista brasileira Petria Chaves, sobre desinformação no Brasil em tempos de eleição.
O evento foi conduzido pela diretora e fundadora da D&D International (Digital Democracy), Elaine Ford, e contou com a presença de especialistas brasileiros e peruanos.
Ao se apresentar, o ministro Barroso afirmou que “a internet trouxe uma comunicação mais fácil para o mundo todo, assim como estamos fazendo neste momento, além de democratizar o acesso à informação e a possibilidade de nos expressarmos em espaços públicos. Contudo, há elementos que precisam ser enfrentados pela sociedade e pelo estado, como o problema das campanhas de desinformação, de mentiras, de meias-verdades e de ódio, que contaminam e comprometem a democracia. Precisamos enfrentar”, declarou o ministro.
Ele informou aos participantes que, nas últimas eleições, foi colocada em prática uma “operação de guerra”, na qual foram firmados acordos com todas as importantes mídias sociais – Facebook, WhatsApp, Instagram, Google e TikTok – para enfrentar as fake news e retirar informações claramente falsas. Também foram estabelecidas parcerias com todas as agências verificadoras de fatos, com a “Coalizão para Checagem – Eleições 2020”.
“Continuamos nos preparando para enfrentar as fake news nas Eleições de 2022. Vivemos aqui, assim como vocês, no Peru, uma grande polarização, com populismos, extremismos e o temor permanente do autoritarismo que nos assombra na América Latina. Mas temos resistido”, concluiu.
Fato ou Boato
Por sua vez, a secretária Aline Osorio informou que, ao final de 2019, a Corte criou o Programa de Combate à Desinformação para as eleições de 2020, que se centrou em três pilares. “O primeiro deles é combater a desinformação com informação verdadeira; o segundo é combater a desinformação com capacitação do público e de membros da Corte; e o terceiro é combater a desinformação com o controle dos comportamentos não autênticos. Mais de 60 entidades se uniram ao programa”, informou.
Ela explicou que uma das ações desses três pilares é o projeto Fato ou Boato, que consiste em um site criado pelo TSE com o objetivo de averiguar a veracidade de informações envolvendo o processo eleitoral brasileiro disseminadas por meio das redes sociais.
A anfitriã do evento, Elaine Ford, considerou que, assim como o Brasil, “o Peru está vivendo um cenário que mistura eleições, pandemia e desinformação”. Segundo ela, para combater as notícias falsas, é necessário educação e informação de qualidade.
Ela destacou também que o fenômeno da desinformação é uma realidade em toda a América Latina e, por essa razão, é necessário trabalhar para informar cada vez mais. Em sua opinião, os jornalistas são componentes fundamentais, principalmente por meio do trabalho das agências de checagem. “O jornalismo responsável tem que ser um contrapeso a toda desinformação que transita pelas plataformas digitais”, disse ela.
Documentário
O debate ainda deu espaço à apresentação do documentário “La Verdad de La Mentira”, por Petria Chaves. De acordo com a jornalista, na produção do material ela se deparou com muitos grupos profissionais atuando de maneira profissional e sistemática para atacar a democracia. “Então, vemos que o engajamento de lideranças políticas, como por exemplo, a questão abraçada pelo TSE aqui no Brasil, é de fundamental importância”, disse.
AL/CM, DM