A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher fez, no ano passado, um extenso trabalho de pesquisa dos veículos de comunicação do País, com o objetivo de apurar os casos de violência contra mulheres que viraram notícia. A deputada federal Jaqueline Cassol que passou a integrar, este ano, a comissão, defende o rigor da lei para os agressores e abusadores. “Temos que trabalhar duro para proteger nossas mulheres. Precisamos também dar o suporte que elas precisam para conseguirem se desvincular desses homens e fazemos isso com mais educação, cursos, emprego e oportunidades”.
Ao todo, foram analisadas 140.191 notícias veiculadas pela imprensa brasileira entre janeiro e novembro de 2018. E encontrados 68.811 casos de violência contra a mulher, divididos em cinco principais categorias: importunação sexual, violência online, estupro, feminicídio e violência doméstica. Veja gráficos abaixo. No caso de mais de uma notícia sobre o mesmo caso, o episódio foi registrado apenas uma vez.
A base de dados para a pesquisa foi o banco de matérias da Linear Clipping, empresa especializada em monitoramento estratégico de notícias. No caso do estupro, foram 32.916 casos, sendo 43% das vítimas com menos de 14 anos. De acordo com o estudo, os dados mostram que o maior número de abusadores sexuais compartilha laços sanguíneos ou de confiança com a família da vítima. Quase a metade dos crimes (49,8%) foram cometidos por companheiros e parentes.
O levantamento da comissão registrou também 14.796 casos de violência doméstica, cometida em 58% das vezes por namorados e maridos, atuais ou ex. Já para o feminicídio, ou seja, o assassinato de mulheres motivado por discriminação pela condição de mulher, foram encontradas 15.925 notícias. 95% dos assassinos eram maridos, namorados ou ex-companheiros.
São, ainda, 2.788 casos de crimes contra a honra de mulheres em ambiente online. Já para a importunação sexual, prática que virou crime recentemente, foram encontradas 72 notícias. Em 97% dos casos, os agressores eram desconhecidos.
Denúncias
A deputada Luizianne Lins (PT-CE) foi uma das vice-presidentes da comissão da Mulher na legislatura passada. Para ela, um dos grandes desafios é garantir que as vítimas de violência denunciem os crimes. “O fato de as mulheres estarem se conscientizando de que é crime tem ajudado muito para que isso vá para esfera pública.”
O levantamento da comissão da Mulher não teve um recorte racial, mas a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) ressalta que o combate à violência de gênero passa pelo debate racial. “Elas vão sofrer por serem mulheres e também por serem negras. E isso é muito sério. Nós temos que combater o racismo, a exclusão e a invisibilidade da população feminina negra”, afirmou.
A deputada estreante Joenia Wapichana (Rede-RR) é a primeira mulher indígena a ser eleita deputada. Ela pretende participar da comissão da Mulher e quer colaborar com estudos ainda mais aprofundados. “Talvez, agora, abordar outras questões, por exemplo, as questões raciais e à questão sócio-econômica”, sugeriu.
Fonte: Agência Câmara